O homem que anda - Rodin
Enquanto escuto ColdPlay cantar "Yellow" nos headfones do meu celular defronte ao mar movimentado de outubro, flagro na memória a visão da famosa escultura de Rodin: "O Homem que Anda", a qual tive o privilégio de ver ao visitar a exposição do célebre escultor. A legendária estátua "O Homem que Anda" está nitidamente fora do equilíbrio revelando o gênio transgressor do artista, que rompia com os cânones tradicionais, na sua época em sua obra inusitada, ousada e rica em movimento, sensualidade e emoção. No entanto, percebo nesse momento o quanto a beleza da estética, da arte e do universo mítico nativo americano me impressiona e me toca muito mais. Especialmente por não estar poluida pelos vícios, angústias e venenos da civilização hegemônica ocidental. Mas vi algo trancendente na obra do Rodin quando ele interagia intensamente com Dante nas Portas do Inferno! Vi o homem livre e errante no cosmos! Como são em origem os povos nativos das américas e de todos os continentes!
Vejo a arte de Rodin atravessando os tempos, os mares, a história, enquanto a saga do homem continua acontecendo na Terra. Rodin expressa no "Homem que Anda" o Homem-Ser-Universal. Enquanto escuto a música e esses pensamentos vagueiam em minha mente no ritmo marcado pelas as ondas que batem na praia, crio um personagem mítico. Um gigante de gesso, impassível, adarilho que emerge do fundo do oceano, ganha a praia, sempre andando firme, olhar misterioso, suas pegadas na areia e sua rota livre, por cima dos prédios, montanhas, mares...Meu personagem Homem-Ser-Universal inspirado em Rodin anda desde o surgimento do homem na Terra. Nasce, cresce, reproduz, morre, nasce de novo e sempre andando...sempre andando. Incólume aos vulcões, furações, glaciações, terremotos, enchentes, anda pelas guerras, morre nas batalhas, mas continua andando, continua andando. Acumula cicratizes, marcas do tempo e segue...Senta e pensa como o pensador de Rodin, na verdade o poeta que cria, que faz a alma vibrar e voar mesmo que o corpo do pensador preso na gigantesca e bela estátua o escravize e o condene naquela posição, eterna, dinâmicamente estático, sentado, quieto, mas infinitamente livre e veloz. A arte, o pensamento, a emoção, e enfim a alma voa dele, ganha asas, faz-se de uma vez: nômade cósmico!
O Home-ser-Universal abraça o ambiente e os seres amigos, mas depois ele próprio os aniquila inexplicavelmente e continua andando. Caminha errante, guiado pelas estrelas, mas depois engessa em ferro, leis e concreto os lugares e assim constroe cidades para se abrigar das forças desconhecidas do cosmos e das pseudo-ameaças escondidas na Terra Selvagem. E continua andando...Enquanto meu personagem caminha, sempre continuará andando, eu me remeto a Comunidade Yvy Kuraxó - Coração da Terra da qual tenho participado ultimamente. A Yvy Kuraxó é uma OCIP criada por Liana Utinguassú que se dedica amorosamente e com muito afinco as nobres causas indígenas. Um bom espaço com gente inteligente, de bom coração e alma pura interagindo em prol da defesa das tradições culturais nativas americanas. Li no blog de Loreta na Yvy Kuraxó um post denominado Terra que me tocou profundamente. Ela buscou em Edgar Morin uma abordagem antropológica muito interessante sobre o homem, que muito distante de ser o supra-sumo da criação é um ser errante por natureza, que nunca dominará a natureza, nem tão pouco a sua própria natureza. Um "cigano do cosmos" que Loreta achou lindo e eu também. Cito um trecho do post de Loreta: "o homem lançado aí, dasein, nesta Terra, homem da errância, do caminhar sem caminho prévio, da preocupação, da angústia, mas também do impulso, da poesia, do êxtase. Esse é o homo sapiens demens, inacreditável ‘quimera… novidade… monstro… caos… sujeito de contradição, prodígio! Juiz de todas as coisas, imbecil verme da terra; depositário do verdadeiro, cloaca de incerteza e de erros". Eu diria que esse é o Homo Universus, cósmico, lançado no infinito insondável, inponderável - O Grande Mistério - Wakan Tanka (Lakota-Sioux).
E lembrando que o meu personagem continua andando. Sem lugar fixo. seu lugar - todos os lugares. Um nômade do universo, que vive no cosmos, sua verdadeira casa. Lembro dos povos nativos americanos, nômades como o povo Lakota, entre outros das grandes planícies americanas. Migravam constantemente em grandes territórios em busca da caça aos búfalos que significavam material e espiritualmente a sobrevivência daquele grande povo. Se guiavam pelas estrelas, pelas constelações, nos céus acimas das Black Hills - suas montanhas sagradas, espelhos dos céus e palco sagrado dos seus mitos e ritos. Paisagens belíssimas, intocáveis, visões exuberantes na terra, nos céus. Viviam assim, andando, caminhando, buscando, como as estrelas se movendo nos céus...uma vida bela, mágica, vigorosa, intensa e digna de ser vivida. Um modo de vida aniquilado, vencido por vermes humanos de olhos e casacos azuis, com visão míope e antropocêntrica, armados até os dentes com intolerância, ignorância, canhões, bombas, ódio e muita ganância.
E o homem continua andando. Aqui no Brasil o Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) enviou aos candidatos à presidência da república José Serra e Dilma Rousseff documento com a lista dos problemas do projeto da hidrolétrica de Belo Monte, que ocupa e degrada as terras da reserva indígena do Xingu prejudicando a sobrevivência das famílias nativas que ali vivem presenrvando sua tradições. Independente de plataforma política de qualquer que seja o candidato vencedor sabemos o que vem pela frente: mais uma vez o poder econômico avassalador, inexorável, rolo compressor de almas e corações a atropelar tradições culturais e a deteriorar impiedosamente a biodiversidade de forma estúpida e esquizofrênica como está acontecendo por exemplo com nossos parentes Awá-Guajá na Amazônia maraenhese um dos últimos povos nativos nômades da américa que estão sofrendo com a invasão das suas terras, que representa a dizimação desse povo e do seu modo de vida.
Mas vamos andando...principalmente porque o homem-ser-universal não é só o colonizador das américas, nem apenas os neo-imperialistas de multicontinentes. O homem ser-universal pisa na Terra Fértil ventre da Vida Universal e recebe dela sua vibrações sagradas e lições, mesmo para quem não as quer aprender, deverá de alguma forma aprender a aprender, a viver, a conviver, a partilhar se quiser de fato viver e continuar caminhando no ritmo da Terra.
Enquanto isso, vamos seguindo, "caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não" como dizia o velho Vandré, para não dizer que não falei de flores em plena primavera do nosso hemisfério sul. E o Homem-Ser-Universal, nômade cósmico segue seu caminhar por entre estrelas sóis e planetas. Errante, como errante é a nossa Terra e como canta Beto Guedes "Tu que és a nave nossa irmã". Nossa magnífica nave Terra navegando no universo. Vamos seguindo, vamos andando.
Mitakuye Oyasim - Por todas as nossas relações!
Vejo a arte de Rodin atravessando os tempos, os mares, a história, enquanto a saga do homem continua acontecendo na Terra. Rodin expressa no "Homem que Anda" o Homem-Ser-Universal. Enquanto escuto a música e esses pensamentos vagueiam em minha mente no ritmo marcado pelas as ondas que batem na praia, crio um personagem mítico. Um gigante de gesso, impassível, adarilho que emerge do fundo do oceano, ganha a praia, sempre andando firme, olhar misterioso, suas pegadas na areia e sua rota livre, por cima dos prédios, montanhas, mares...Meu personagem Homem-Ser-Universal inspirado em Rodin anda desde o surgimento do homem na Terra. Nasce, cresce, reproduz, morre, nasce de novo e sempre andando...sempre andando. Incólume aos vulcões, furações, glaciações, terremotos, enchentes, anda pelas guerras, morre nas batalhas, mas continua andando, continua andando. Acumula cicratizes, marcas do tempo e segue...Senta e pensa como o pensador de Rodin, na verdade o poeta que cria, que faz a alma vibrar e voar mesmo que o corpo do pensador preso na gigantesca e bela estátua o escravize e o condene naquela posição, eterna, dinâmicamente estático, sentado, quieto, mas infinitamente livre e veloz. A arte, o pensamento, a emoção, e enfim a alma voa dele, ganha asas, faz-se de uma vez: nômade cósmico!
O Home-ser-Universal abraça o ambiente e os seres amigos, mas depois ele próprio os aniquila inexplicavelmente e continua andando. Caminha errante, guiado pelas estrelas, mas depois engessa em ferro, leis e concreto os lugares e assim constroe cidades para se abrigar das forças desconhecidas do cosmos e das pseudo-ameaças escondidas na Terra Selvagem. E continua andando...Enquanto meu personagem caminha, sempre continuará andando, eu me remeto a Comunidade Yvy Kuraxó - Coração da Terra da qual tenho participado ultimamente. A Yvy Kuraxó é uma OCIP criada por Liana Utinguassú que se dedica amorosamente e com muito afinco as nobres causas indígenas. Um bom espaço com gente inteligente, de bom coração e alma pura interagindo em prol da defesa das tradições culturais nativas americanas. Li no blog de Loreta na Yvy Kuraxó um post denominado Terra que me tocou profundamente. Ela buscou em Edgar Morin uma abordagem antropológica muito interessante sobre o homem, que muito distante de ser o supra-sumo da criação é um ser errante por natureza, que nunca dominará a natureza, nem tão pouco a sua própria natureza. Um "cigano do cosmos" que Loreta achou lindo e eu também. Cito um trecho do post de Loreta: "o homem lançado aí, dasein, nesta Terra, homem da errância, do caminhar sem caminho prévio, da preocupação, da angústia, mas também do impulso, da poesia, do êxtase. Esse é o homo sapiens demens, inacreditável ‘quimera… novidade… monstro… caos… sujeito de contradição, prodígio! Juiz de todas as coisas, imbecil verme da terra; depositário do verdadeiro, cloaca de incerteza e de erros". Eu diria que esse é o Homo Universus, cósmico, lançado no infinito insondável, inponderável - O Grande Mistério - Wakan Tanka (Lakota-Sioux).
E lembrando que o meu personagem continua andando. Sem lugar fixo. seu lugar - todos os lugares. Um nômade do universo, que vive no cosmos, sua verdadeira casa. Lembro dos povos nativos americanos, nômades como o povo Lakota, entre outros das grandes planícies americanas. Migravam constantemente em grandes territórios em busca da caça aos búfalos que significavam material e espiritualmente a sobrevivência daquele grande povo. Se guiavam pelas estrelas, pelas constelações, nos céus acimas das Black Hills - suas montanhas sagradas, espelhos dos céus e palco sagrado dos seus mitos e ritos. Paisagens belíssimas, intocáveis, visões exuberantes na terra, nos céus. Viviam assim, andando, caminhando, buscando, como as estrelas se movendo nos céus...uma vida bela, mágica, vigorosa, intensa e digna de ser vivida. Um modo de vida aniquilado, vencido por vermes humanos de olhos e casacos azuis, com visão míope e antropocêntrica, armados até os dentes com intolerância, ignorância, canhões, bombas, ódio e muita ganância.
E o homem continua andando. Aqui no Brasil o Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) enviou aos candidatos à presidência da república José Serra e Dilma Rousseff documento com a lista dos problemas do projeto da hidrolétrica de Belo Monte, que ocupa e degrada as terras da reserva indígena do Xingu prejudicando a sobrevivência das famílias nativas que ali vivem presenrvando sua tradições. Independente de plataforma política de qualquer que seja o candidato vencedor sabemos o que vem pela frente: mais uma vez o poder econômico avassalador, inexorável, rolo compressor de almas e corações a atropelar tradições culturais e a deteriorar impiedosamente a biodiversidade de forma estúpida e esquizofrênica como está acontecendo por exemplo com nossos parentes Awá-Guajá na Amazônia maraenhese um dos últimos povos nativos nômades da américa que estão sofrendo com a invasão das suas terras, que representa a dizimação desse povo e do seu modo de vida.
Mas vamos andando...principalmente porque o homem-ser-universal não é só o colonizador das américas, nem apenas os neo-imperialistas de multicontinentes. O homem ser-universal pisa na Terra Fértil ventre da Vida Universal e recebe dela sua vibrações sagradas e lições, mesmo para quem não as quer aprender, deverá de alguma forma aprender a aprender, a viver, a conviver, a partilhar se quiser de fato viver e continuar caminhando no ritmo da Terra.
Enquanto isso, vamos seguindo, "caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não" como dizia o velho Vandré, para não dizer que não falei de flores em plena primavera do nosso hemisfério sul. E o Homem-Ser-Universal, nômade cósmico segue seu caminhar por entre estrelas sóis e planetas. Errante, como errante é a nossa Terra e como canta Beto Guedes "Tu que és a nave nossa irmã". Nossa magnífica nave Terra navegando no universo. Vamos seguindo, vamos andando.
Mitakuye Oyasim - Por todas as nossas relações!
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